"Portugal precisa de países amigos para fazer com que os
setores que já foram importantes na criação de emprego o voltem a ser;
Portugal humildemente precisa de todos os países onde a nossa
experiência acumulada e técnica possa garantir [através das exportações]
que a recuperação económica seja mais rápida e simples, porque o
mercado interno não tem, atualmente, condições de o fazer", disse Sérgio
Monteiro numa intervenção na Conferência 'Portugal/Marrocos, uma
parceria estratégica', organizada pela embaixada marroquina e pelos
jornais Sol e Challenge.
O governante argumentou que os dois países têm vantagens em
aprofundar a relação comercial, e salientou que as autoestradas, as
infraestruturas portuárias e a alta velocidade são algumas das áreas
onde Marrocos mais pode beneficiar da experiência portuguesa.
Declarações sobre as boas relações políticas e económicas marcaram a
generalidade das intervenções feitas na conferência que decorre hoje em
Lisboa, mas isso, para a embaixadora de Marrocos em Portugal, não chega:
"Temos de trabalhar mais para dar a conhecer os países às pessoas; as
empresas marroquinas conhecem pouco de Portugal e vice-versa", disse
Karima Benyaich, em declarações à agência Lusa.
"Marrocos é hoje um grande estaleiro, por isso as oportunidades de
negócio para as empresas portuguesas são enormes, principalmente nas
áreas das energias renováveis, na construção, na nanotecnologia, no
turismo e nas infraestruturas", acrescentou a embaixadora.
Para a embaixadora, a realização de conferências como a de hoje, na
qual participarem quatro governantes, é fundamental para que os dois
países se conheçam melhor, e é daqui, considerou, que nascem as
oportunidades de negócio, principalmente para os empresários que olham
para Portugal e para Marrocos como portas de entrada nos respetivos
espaços geográficos: "Marrocos é uma plataforma para África", vincou a
representante do Rei Mohammed VI, reconhecendo que Portugal fazer parte
do espaço Schengen é especialmente atrativo para os empresários
marroquinos.
As exportações de bens portugueses para Marrocos cresceram 19,7% no
primeiro trimestre deste ano, face a igual período de 2012, para 173,5
milhões de euros, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística
(INE).
Em igual período, as importações recuaram 17,7% para 27,8 milhões de
euros, o que representa um saldo da balança comercial favorável para
Portugal em 145,7 milhões de euros.
No final de março, Marrocos era o 12.º cliente e 42.º fornecedor de Portugal.
As exportações de bens portugueses para Marrocos cresceram 16,6%
entre 2008 e 2012, para 460,4 milhões de euros e as importações subiram
27,3% em igual período para 156,5 milhões de euros.
Face a 2011, as vendas para Rabat aumentaram 18,3% e as importações
cresceram 12,7%, o que representou um saldo da balança comercial
positivo a favor de Portugal em 303,8 milhões de euros.
De acordo com os dados do INE, em 2011 havia 1.049 empresas portuguesas a exportar para Rabat, mais 83 entidades que em 2010.
Do lado das importadoras, o número ascendia a 277, menos cinco que um ano antes.
17 de Maio de 2013 | Por Lusa