Portugal e Marrocos vão criar uma parceria no sector automóvel que passa por sinergias entre o Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIA) e o seu congénere marroquino, o Centre Technique des Industries des Équipements pour Véhicules (CETIEV). O anúncio foi feito ontem em Marraquexe no âmbito da XI Cimeira Luso-Marroquina, que contou com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates.
Segundo o texto da declaração final da cimeira, foi criado um "comité automóvel" que se "encarregará do desenvolvimento da subcontratação entre empresários marroquinos do sector e os seus homólogos portugueses".
Marrocos produz 400 mil carros ao ano, sobretudo da marca Renault, precisamente a que deixou Portugal para se instalar neste país do Magrebe.
Formalizado foi ainda o acordo de financiamento de uma nova linha de crédito de 200 milhões de euros para apoio às importações marroquinas de bens e serviços nacionais, que estará válida durante dois anos.
No campo das energias renováveis foi estabelecido um "plano de acção" que visa, entre outros pontos, "a participação das empresas industriais portuguesas no desenvolvimento do tecnopólo de Oujda" e o desenvolvimento de dois projectos-piloto comuns, um de experimentação da tecnologia smart grid e o outro que visa testar e optimizar a utilização da energia das ondas, ainda segundo o texto da declaração final da cimeira.
Da cimeira saíram ainda firmados acordos de cooperação entre os ministérios da Cultura português e marroquino, havendo também a perspectiva de ser reforçada a cooperação nas áreas da investigação, tecnolo- gia e ensino superior. José Sócrates já havia deixado claro o interesse do Governo português pela modernização do parque escolar marroquino, atendendo a que poderá constituir uma boa oportunidade para as empresas portuguesas do sector da construção civil e obras públicas.
O sector de construção debate--se com uma crise que se arrasta desde 2002 e que provocou uma quebra de actividade acumulada de 31% e a perda de 206 mil postos de trabalho, o que justifica a necessidade de procurar novos mercados. A construção e o imobiliário asseguram 18% do PIB e 49,7% do investimento nacional, 820 mil postos de trabalho (15,8% do emprego total) e representam 20% do tecido empresarial nacional, ou seja, 220 mil empresas em actividade.
Na conferência de imprensa final, o primeiro-ministro sublinhou "a grande vontade de cooperação económica" das partes de estender essa cooperação a "áreas novas, no domínio da energia, no domínio da economia tecnológica e digital, no domínio das escolas e das infra-estruturas, mas também uma grande ambição de criar os instrumentos financeiros para que essa cooperação económica se possa desenvolver".
São mais de 130 as empresas portuguesas presentes em Marrocos e este continua a ser o principal parceiro comercial português no Magrebe. As trocas comerciais entre os dois países ultrapassaram, em 2008, os 550 milhões de euros.